Erre muito. Erre em público, e também entre amigos. Erre em silêncio, escutando só o tique-taque dos pensamentos, e erre falando em voz alta. Gagueje, erre o nome de alguém importante numa festa e também a data de aniversário da avó. Erre o número do sapato, o perfume, o sal na comida. Cometa a gafe de quebrar copo de vidro na abertura da galeria. Cometa erros grandes, médios e pequenos: se case com a pessoa errada - existe, afinal, a certa?
Erre o tamanho da fome ao pedir o x-salada duplo na padaria, e erre o preço do texto que precisará ser escrito às pressas. Erre a escolha do shampoo, do iogurte sabor morango e das palavras decisivas no momento de pedir desculpas, aumento ou qualquer outra coisa entre as tantas que precisamos pedir durante a vida.
Erre em linha reta, em curva ascendente e na rotatória. Erre para reencontrar as forças, mesmo correndo o risco de perdê-las logo depois. Erre em outras línguas e erre sonhando.
Erre a oração do Pai Nosso e também a escolha do filme no cinema. David Lynch errou enormemente filmando Duna. Você tem autorização para errar, e tentar consertar o erro; ou esquecê-lo, escondê-lo, colocá-lo no colo. Erre sem medo e com muito medo; aquele que trinca os ossos.
E se levante, pois o próximo erro te aguarda, como um filho na saída da escola. É provável que você erre menos, mesmo errando até a última respiração.
Baguncinha de links
📖 Vamos conversar sobre histórias de ficção? Sobre como elas nos moldam, nos afetam e fazem parte da nossa jornada aqui no planeta Terra? Não existimos sem histórias. As inscrições para a imersão A arte das histórias estão abertas e todo mundo pode participar.
🧡 O português é lindo demais e falei sobre isso no último vídeo da Antofágica.
👀A resenha que a Ariela fez sobre o livro da Tati Bernardi está boa demais!
Errar é o melhor acerto que se pode fazer